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Foto do escritorAbdoral Jr.

Senadores entregam carta aberta a Cármen Lúcia em defesa da prisão após condenação em 2ª instância

Documento assinado por 20 parlamentares diz que atual entendimento do STF é de ‘grande valia’ à promoção da Justiça. Supremo analisará habeas corpus do ex-presidente Lula nesta quarta.

Um grupo de senadores entregou ao gabinete da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, nesta terça-feira (3) uma carta aberta na qual defende a manutenção do entendimento da Corte sobre prisão após a condenação em segunda instância.

O documento – assinado por 20 parlamentares (veja lista ao final desta reportagem) – afirma que o atual entendimento tem sido de “grande valia para a promoção da Justiça e para combater o sentimento de impunidade”.

A carta dos senadores

Leia a íntegra da carta dos senadores enviadas à presidente do STF:

CARTA ABERTA

Excelentíssima Senhora Ministra Cármen Lúcia

Presidente do Supremo Tribunal Federal

O país e o mundo acompanham com grande atenção as notícias relacionadas ao julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), do pedido de habeas corpus formulado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será retomado nesta quarta-feira, 4 de abril.

O caráter excepcional e repleto de simbologia envolvendo o caso restrito ao ex-presidente, condenado à prisão pela Justiça em segunda instância, provoca um questionamento bem mais amplo e pode ainda resultar em uma repercussão sobre o status de centenas, talvez milhares, de condenados que já cumprem pena.

Isso porque o referido HC induz à discussão sobre a jurisprudência adotada pelo STF desde 2016, no que se refere à efetividade da prisão após condenação em segunda instância.

Tal entendimento tem sido de grande valia para a promoção da Justiça e para combater o sentimento de impunidade. Por outro lado, fartos exemplos mostram que adiar a execução da pena até que se esgotem todos recursos nos tribunais superiores é, na prática, impedir a efetividade da condenação do condenado.

Acreditamos ser crucial a manutenção do estatuto da prisão em segunda instância, como já ocorre na esmagadora maioria dos países e como ocorreu no Brasil durante a maior parte de sua história republicana.

Exigir trânsito em julgado após terceiro ou quarto grau de jurisdição para então autorizar prisão do condenado contraria a Constituição e coloca em descrédito a justiça brasileira perante a população. Não pode haver dúvidas de que a lei vale para todos. Ademais, após a segunda instância não se discute mais a materialidade do fato, nem existe produção de provas, apenas se discute legislação e direito.

Nós senadores, abaixo assinados, ent

endemos que impedir a execução provisória da pena pode comprometer a funcionalidade do sistema penal ao torná-lo incapaz de punir o criminoso adequada e suficientemente e em tempo razoável.

Essa linha de argumentação se aproxima da já proferida em parecer da Procuradoria-Geral da República e em manifesto de milhares de juristas que enxergam na mudança da jurisprudência o risco iminente da liberação em cascata de inúmeros condenados por corrupção e por delitos violentos.

Senadores que assinaram documento

Saiba quais senadores assinaram a carta aberta:

  • Lasier Martins (PSD-RS)

  • Simone Tebet (MDB-MS)

  • Tasso Jereissati (PSDB-CE)

  • Flexa Ribeiro (PSDB-PA)

  • Airton Sandoval (MDB-SP)

  • Ana Amélia (PP-RS)

  • Maria do Carmo Alves (DEM-SE)

  • Cristovam Buarque (PPS-DF)

  • Raimundo Lira (MDB-PB)

  • Ronaldo Caiado (DEM-GO)

  • Ricardo Ferraço (PSDB-ES)

  • Lúcia Vânia (PSB-GO)

  • Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

  • Magno Malta (PR-ES)

  • Álvaro Dias (Pode-PR)

  • Romário (Pode-RJ)

  • Reguffe (sem partido-DF)

  • Waldemir Moka (MDB-MS)

  • Ataídes Oliveira (PSDB-TO)

  • José Medeiros (Pode-MT)

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